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Rascunhos da Ju - Vingança Redentora (parte final)

E aí, galera, tudo bem? Para relaxar um pouco a tensão pré Enem, trago até vocês a última parte de Vingança Redentora. Quem gostou, levanta a mão! \o/ \o/ \o/
Foi um prazer escrever esse conto e, enquanto outros não vem, continuarei minha coluna abordando temas variados - cada semana um diferente.
Beijos!

Vingança Redentora (final)


Joana suspirou e olhou no fundo dos olhos do homem sentado a sua frente.

- Devo dizer que você fracassou em suas tentativas de me assustar. - começou a jovem de repente. Armando esperava ouvir qualquer coisa, menos aquilo.

- Como...

- Por favor, deixe-me terminar. - interrompeu-o decidida - Posso ver em seus olhos que não é tão ruim quanto aparenta ser; portanto, seus esforços para me amedrontar foram, definitivamente, em vão.
Não podia acreditar no que estava ouvindo. Joana era uma moça bem ousada para a idade que tinha. Ousada, corajosa e um tanto atrevida.
- Enfim - continuou, com ar de pura resolução -, sei que não devia, mas quero ajudá-lo. Sinto que fala a verdade quando se refere à sua mãe e odeio injustiças, mesmo as cometidas por meu pai. Se ele roubou sua família, não há nada mais justo do que devolver, embora eu ache um pouco difícil de isso acontecer. - ela respirou pesarosamente.
- O que quer dizer? - indagou Armando, não entendendo por que Joana ficara repentinamente triste.
- Logo você saberá... - respondeu evasivamente - De qualquer forma irei ajudá-lo, contanto que não o machuque. Afinal, ele é meu pai.
- Nunca pretendi machucar ninguém. Não é essa minha intenção. - prometeu-lhe Armando.
- Pois bem, farei o que quiser, mas para isso preciso que me conte exatamente o que aconteceu entre nossos pais no passado. - levantou-se da cadeira e pôs-se a andar pelo quarto, parecia quase animada.
Aquela menina ruiva de aparência frágil e coração forte estava mesmo disposta a ajudar Armando em seu plano de vingança contra Leopoldo, seu próprio pai. E, pela primeira vez na vida, ele se permitiu sentir um pouco de esperança.
Apesar de ainda ser bastante jovem, Joana era bem determinada e, se achasse que valeria a pena fazer uma coisa, não haveria nada que a impedisse.
- E então, vai me contar? - girou nos calcanhares para fitá-lo.
- Claro que sim. - Armando emergiu de seus devaneios - Mas vamos comer algo antes. Trouxe alguns mantimentos da cidade. Não são as coisas finas que está acostumada a comer, mas dá para matar a fome. - observou a moça arquear uma sobrancelha diante de seu comentário.
- Tudo bem, vamos comer. - respondeu apenas.
Armando levantou e encaminhou-se para a sala, seguido por Joana.
Imersa em seus pensamentos, ela tentou imaginar o que seu pai teria feito de tão grave a ponto de Armando querer se vingar. Mas, fosse o que fosse, prometeu ajudá-lo e não estava disposta a desistir.
                                          ~~~~~~~~
Uma semana se passou sem que Leopoldo tivesse notícias de sua filha.
Santiago dividiu os capangas em dois grupos, que se intercalavam numa busca incansável de Joana e seu sequestrador. Procuravam-nos de um nascer do sol a outro, sem descanso, movidos pela promessa de uma recompensa para quem levasse a cabeça do algoz da moça até o temido patrão.
Certa manhã, Santiago, o chefe dos capangas, foi a um armazém providenciar algum alimento e água fresca para seu cavalo, aproveitando para perguntar se alguém sabia algo sobre Joana.
- O senhor notou algo diferente nas redondezas desde que a menina Joana desapareceu, seu Samuel?
Samuel era o dono do armazém e o homem mais fofoqueiro de Zerdália. Sabia sobre a vida de qualquer cidadão.

Coçando sua barba, o homem calvo respondeu, pensativo:
- Pensando bem, Santiago, um rapaz veio aqui na manhã seguinte ao sumiço da senhorita. Disse que estava viajando pela estrada quando sua charrete quebrou. Estava a procura de mantimentos para ele e a esposa, até que consertasse sua charrete. O estranho é que ele estava com bastante pressa para sair daqui.
- E como era esse rapaz, Samuel? Para onde ele foi? - Santiago questionou impacientemente.
- Ah, ele era alto e forte, tinha olhos escuros e parecia muito desconfiado, como se escondesse alguma coisa... - o velho respondeu olhando ao longe. Para quem trabalhava o dia todo no principal armazém da cidade, Samuel era bem detalhista.
- Esse rapaz disse o nome? Falou para onde iria ou algo do tipo? - o capanga queria saber qualquer pequeno detalhe que, possivelmente, levasse ao paradeiro de Joana.
- Não, não disse nome nem para onde estava indo. Mas, antes de partir novamente, falou que viria buscar alimentos para a viagem.
- Então, Samuel, você vai me ver por aqui com mais frequência. Fiquei curioso por conhecer esse forasteiro misterioso.
Santiago pagou suas compras e partiu para a mansão. Tinha a sensação de que estava na pista certa e precisava avisar ao amigo, tranquilizá-lo.
                                        ~~~~~~~

Na velha cabana, a situação estava melhor do que Joana e Armando poderiam imaginar.
Contou à moça sobre a sociedade entre Hugo - seu pai - e Leopoldo, na época grandes amigos dispostos a empreender e lucrar com a pequena plantação de algodão do pai de Joana.
Hugo Lopes era financeiramente mais estável que Leopoldo e, como não desperdiçava uma boa oportunidade para faturar ainda mais, decidiu tornar-se sócio de seu amigo na pequena plantação de algodão de Leopoldo. Exportavam o produto para várias cidades vizinhas, lucrando cada vez mais.
Leopoldo Castro - sempre muito ganancioso - querendo comprar uma fazenda para poder expandir a plantação, foi ao banco e se passou por Hugo, pois sabia que o amigo tinha muito mais crédito junto aos credores. Fugiu com todo o dinheiro, deixando aquele que dizia ser seu melhor amigo com todas as dívidas, sem condições de quitá-las, já que havia investido toda a fortuna na pequena plantação.
- Meu Deus, eu sabia que meu pai era ganancioso, mas não a ponto de trair o próprio amigo que o ajudou. - sussurrou Joana, espantada com a história que acabara de ouvir.
Estavam sentados em frente à fogueira que Armando acendera perto da margem do lago. O céu estava estrelado e uma leve brisa balançava os cabelos ruivos da moça.
- Agora você entende os meus motivos, não é mesmo? - perguntou Armando, tocando o rosto macio da jovem.
- Sim, entendo. E faria o mesmo se estivesse no seu lugar. - sentiu formigar o local onde o homem a havia tocado.
Ambos não podiam negar o que estavam sentindo: desejo e paixão corriam em suas veias. Era como se se conhecessem a vida toda.
Ofegante, Joana sentiu Armando aproximar-se cada vez mais. A respiração quente e suave contra seu rosto.
Armando olhou no fundos dela, como que pedindo permissão, e pressionou seus lábios contra os de Joana. Não encontrou resistência. Ela o recebeu, deleitando-se no sabor de seus lábios. Possuindo e sendo possuída.
                                         ~~~~~~~~~~
Sentado no canto mais afastado do armazém, Santiago percebeu quando Samuel - proprietário do estabelecimento - fez sinal avisando sobre a chegada do misterioso homem do qual lhe falara havia alguns dias. Desde então, o capanga ficava a espreita, passando quase o dia todo no armazém.
Observou enquanto o forasteiro se aproximava do balcão e pedia alguns mantimentos e produtos para higiene.
O rapaz parecia bastante apressado. Santiago foi atrás dele assim que saiu do local.
Viu Armando montar um cavalo e seguir velozmente em direção à estrada. Subiu em seu próprio e saiu em disparada, seguindo o suposto algoz de Joana.
Seguindo à margem da estrada, sempre cuidando para não ser descoberto, Santiago estranhou ao ver o homem entrar na mata fechada. Se ele estivesse mesmo com a charrete quebrada como contara Samuel, certamente o veiculo estaria em algum lugar da longa estrada, com sua esposa aguardando. Então, provavelmente, seu instinto estaria certo: a filha de Leopoldo se encontrava nas garras daquele homem.
Seguiu-o por vários minutos bosque a dentro, até que chegaram a uma clareira onde havia uma pequena cabana. Santiago escondeu-se atrás de uma árvore com tronco largo e observou. A porta da cabana foi aberta e ele viu a menina Joana sair. Estava prestes a se revelar para resgatá-la, quando a cena que se formou diante de seus olhos o fez estacar: Joana beijava aquele homem e, pelo que parecia, ela estava feliz.
Não podia crer... Como explicaria tal situação ao amigo? Leopoldo contara-lhe sobre o que ocorrera no passado e o motivo da vingança. Sabia que o patrão desejava ver Armando morto por ter sido capaz de cometer tamanha ousadia. Mas, agora que a própria filha estava ao lado do inimigo, a situação tomava outro rumo.
Decidiu, então, voltar para a fazenda e descobrir a que conclusão Leopoldo chegaria.
                                        ~~~~~~~
Que loucura acabara de cometer? Beijar a filha de seu maior inimigo com certeza não era a coisa mais sensata a se fazer no momento. Ou era. Não conseguia raciocinar sentindo aquela pele macia sob sua palma, a suavidade dos lábios dela contra os seus. Nunca havia sentido emoção tão forte, era como se estivesse renascendo - não havia mais ódio, rancor ou amargura. Esquecera-se completamente a razão pela qual estava naquela cidade. A única coisa que sabia era que queria sentir aquilo para sempre e, de alguma forma, sabia que Joana sentia-se da mesma forma. Foi então que, subitamente, tomou uma decisão.
- Vem comigo. Vamos para a minha cidade. Não quero mais saber de vingança alguma. O que mais quero agora e para o resto de minha vida é você. - sussurrou urgentemente contra os lábios da moça, beijando-a em seguida. - Viveremos com minha mãe e cuidaremos dela. Por favor, vem comigo, Joana. - completou.
Por mais que amasse seu pai, Joana sabia que, se permanecesse com ele, nunca poderia ficar com Armando. Tinha certeza de que o que sentiam um pelo outro era muito maior que desejo. Era amor.
- Sim. - ela respondeu em meio a um sorriso.
- Você acaba de me fazer o homem mais feliz desse mundo! - Armando a abraçou forte. - Partiremos amanhã de manhã, não podemos perder tempo.
Joana olhou no fundo daqueles olhos tão negros quanto a noite e encontrou toda a certeza que precisava. Era nos braços de Armando onde estava seu verdadeiro lar.
- Eu amo você. - sussurrou a moça.
- Também te amo. Para sempre.
A noite passou rápida. Assim que nasceu o primeiro raio de sol, Armando partiu para a cidade, onde providenciaria mantimentos para a viagem. Estava ansioso para ir embora dali. Ouvira comentários de que Leopoldo colocara todos os seus capangas na busca por Joana; então não podia arriscar que suspeitassem dele.
Retornou à cabana uma hora depois e encontrou a moça a sua espera, pronta para a viagem.
- Pronta? - perguntou.
- Sempre. - Joana respondeu, beijando-o timidamente.
Era o começo de suas novas vidas. O passado havia ficado para trás. 

LiteraCaxias (Conheça os autores) - Bruna Karyne



II LiteraCaxias – Conheça os autores
Por Marlon Souza


Conheça Bruna Karyne





Bruna Karyne autora de “11 contos e 1 fábula”, fã de Clarisse Lispector e Carlos Ruiz Zafón, vamos conhecê-la um pouco mais.  




Estúdio Literário – Então Bruna, quem é você?

Bruna Karyne – Adoro quando me fazem essa pergunta, porque nunca sei a resposta. Me descubro a cada momento, a cada segundo, com cada pessoa nova que conheço, a cada experiência que vivo e acredito que somos todos assim. Hoje, sou uma pessoa ainda muito indecisa, embora bem menos do que antes, imaginativa e absurdamente sonhadora. Sonho o tempo todo e sou feliz com o simples ato de pensar meus vários sonhos, infinitos, múltiplos, preponderantes. Talvez, na realidade, como só faço sonhar, e escrever é sonhar, eu seja, mais do que tudo e do fundo do meu coração, uma escritora. É essa palavra, esse modo de vida, esse estado de espírito que chegam mais perto de me definir.


Estúdio Literário – Poderia nos contar um pouco sobre seu livro?

Bruna Karyne – São dois. O primeiro, "11 contos e 1 fábula" é uma coletânea de 14 textos (11 contos, 2 crônicas e 1 fabula) que escrevi dos 13 ao 14 anos, ainda na escola e, por consequência, imersa naquele mundo de vestibular e trabalhos em grupo. Ele nasceu de um jeito tão espontâneo que chega a ser engraçado: quando tinha apenas 3 contos e NENHUMA pretensão de lançar um livro, minha mãe sugeriu, completamente de brincadeira, que eu o fizesse. Na minha inocência dos 13 anos, levei a sério a questão e decidi que ia lançar um livro. Uma vez que o sonho entra na cabeça, não tem mais jeito. Juntei, sem nenhuma pressa, um numero que considerei razoável de textos, montei meu livro e comecei a enviar para as editoras. Ele tem muito da Bruna daquela idade: os textos são de temas bem variados, de amizade a luto à maternidade e tantas outras coisas; e em todos o que trabalho é o sentimento dos personagens. Para mim, não importa tanto o que acontece no mundo exterior, mas o que afeta o personagem no seu interior, como ele reage às coisas, como as interpreta, como as percebe e sente. Toda a minha literatura, pelo menos, até agora é bem intimista e voltada para si mesma, porque i meu objetivo é explorar, investigar e mergulhar de cabeça nos sentimentos dos personagens e nos impactos da vida sobre eles. Ou seja, são textos bem psicologizados.

Nesse primeiro livro, faço isso através de contos. São leituras rápidas, fluídas e independentes, mas densas. Mesmo em um curto espaço, me propus esse desafio de investir no personagem e no seu conflito interior e, mais do que tudo, de tentar promover uma reflexão. Não queria e não quero escrever historias que saiam no automático e tenham um final feliz sem maiores motivos ou explicações. Quero, nos meus livros, tirar o leitor da posição de conforto e fazê-lo realmente pensar, investigar, se esforçar para entender aquele personagem que não é tão simples/fácil/certinho. Se falo de morte, violência, fim, é porque sinto a necessidade de discutir esses temas, de escancará-los, porque são riquíssimos e são ainda poucas pessoas que realmente se atrevem a discuti-los, talvez por receio da recepção de um público ainda muito acostumado a finais felizes e otimistas.

Já "Mizpah", meu primeiro romance, postado no Wattpad e que agora está no cap. 12, narra a história da Mia, uma adolescente depressiva e extremamente pessimista que vê a mãe morrer na sua frente, salvando-a de um atropelamento. O grande diferencial é a natureza da relação entre as duas: Mia e a mãe, Cristina, tinham uma relação conturbadíssima, incrivelmente turbulenta e nutriam uma pela outra um sentimento de raiva, culpa, remorso e decepção que acabava omitindo o amor que realmente sentiam. Mia não conhece a mãe, não entende suas atitudes e, para se proteger da rejeição, esforça-se para se tornar indiferente a mãe, para viver à margem dela e, com isso, se convence de que não se importa com Cristina, tamanho é o sofrimento que esta lhe causa. Mia lutou tanto para apagar a mãe da sua vida que, quando esta morre, a principio, ela se sente aliviada - não perderia mais o seu tempo sonhando em ter uma vida com a mãe, tendo esperança na relação tóxica das duas. Ela pensa, ingenuamente, que será o fim de toda a dor que Cristina lhe impunha. Como é menor, vai morar com o avô, que não via há 10 anos, e é subitamente jogada dentro de uma família que também não conhece e, pior ainda, não quer conhecer. Foi essa família que a relegou a viver com Cristina, foi essa família que a renegou, a abandonou, que sempre a rejeitou sem qualquer explicação além do ódio que sentem de Cristina. O grande esforço da vida da Mia foi o de tentar esquecer essa serie de abandonos que, repentinamente, são jogados na sua cara. Ela não sabe lidar nem se comunicar com essa família, tampouco tem interesse, por causa de todas as magoas que carrega no coração. E, no entanto, no fundo, os ama. A mesma coisa se segue com a mãe morta, só que pior: agora Mia não tem mais chances de ter qualquer coisa com ela, portanto, qual seria o sentido de admitir amá-la? Ela se encontra, tanto de um lado como no outro, estagnada na terrível escolha entre confiar novamente nas pessoas, abrir seu coração e se estraçalhar mais uma vez ou continuar sofrendo calada, segurando dentro de si todos os sentimentos e ressentimentos que a esmagam, isolada, solitária, abandonada - mas, de alguma forma, "segura" (se não se relaciona com ninguém, não se decepciona com ninguém). Perdão, confiança, morte e, sobretudo, apesar de tudo, AMOR são os temas dessa história. O que quero discutir é justamente como não é nada fácil amar, perdoar e SE PERMITIR ser feliz. E faço isso explorando as relações da família, em vez do tradicional romance de casal.


Espero poder apresentar meu trabalho e, quem sabe, inspirar outras pessoas a seguirem lutando pelos seus sonhos.



Estúdio Literário – Quais são seus livros preferidos?

Bruna Karyne – "A sombra do vento", de Carlos Ruiz Zafon; e "Clarice na Cabeceira", uma coletânea de contos da Clarice Lispector, minha autora preferida e inspiração.


Estúdio Literário – Quais são as dificuldades de ser um escritor? Quais foram as suas?

Bruna Karyne – A princípio, divulgação. Tudo que o escritor precisa é de uma chance. E, às vezes, isso é bem difícil. Quando se é autor nacional, desconhecido e estreante, pode ter certeza de que sim. As grandes editoras e livrarias, que são quem mais tem capacidade de fazer uma divulgação ampla, eficiente, de massa, tendem a se interessar por quem já é conhecido; ganhou algum prêmio; escreve em um estilo que costuma arrecada bastante, como chick-lit ou fantasia; ou, no mínimo, fez muito sucesso em outras plataformas, como, hoje, Amazon e Wattpad. Se o escritor vai para uma editora pequena ou se auto publica, perde justamente o marketing das grandes editoras, o que é um grande problema. Quem vai comprar seu livro se ninguém sabe que ele existe? Foi exatamente essa a minha dificuldade. Escrevi meu livro com todo o meu coração, trabalhei, me esforcei. Para mim, era isso. Dali a pouco, poderia morrer de amores quando visse alguém lendo-o na rua ou quando me deparasse com ele na vitrine de alguma loja. Delirava de felicidade. Conforme fui crescendo e meu livro, na verdade, 1000 exemplares dele, bateram à minha porta, tive que amadurecer à força. Achava que o meu trabalho se resumia a escrever, mas, quando a editora pouco se mobilizou para colocar meu livro nas livrarias, entendi que, mesmo não entendendo nada de mercado literário, eu teria que mergulhar de cabeça nesse mundo e lutar pelo meu livro. Conheci blogueiros, autores, leitores e acumulei experiências incríveis, dentre elas a Bienal. Antes, no entanto, sentia-me perdida, culpada, sem saída e até inútil, porque não sabia o que fazer em prol do meu trabalho. Me desiludi bastante e sofri, claro... Imagina aquela menininha de 13 anos, que só sonhava em ver seu livro nas livrarias, atolada em caixas e mais caixas de exemplares de que ninguém nunca ouviu falar. Demorou até a Bruna de 17 anos entender que ela podia, sim, tornar aquele sonho realidade. Mas, enfim, entendi. E estou aqui agora.



Estúdio Literário – Está animada com o LiteraCaxias? O que podemos aguardar de sua participação?


Bruna Karyne – To nervosa e animada, (risos). Estarei entre amigos queridos, o que me acalma, mas sempre sinto esse friozinho na barriga com a expectativa de um evento. Espero poder apresentar meu trabalho e, quem sabe, inspirar outras pessoas a seguirem lutando pelos seus sonhos. Podem aguardar muita fala (já deu para perceber que sou tagarela, né?), empenho e, sobretudo, amor.



Então pessoal essa foi a entrevista de hoje, talvez não dê pára conhecer mais autores até o LiteraCaxias, pois estou agitando tudo para o lançamento, além da faculdade e trabalho que não posso deixar jogados, mas já dá para perceber que o LiteraCaxias será mais que especial... Que venho dia 18 hehe






Rascunhos da Ju - Vingança Redentora (parte 3)


           Olá, meus amores! Essa é a penúltima parte de Vingança Redentora (ah!); pois é, infelizmente está acabando... Espero que estejam gostando dessa história que escrevi com tanto carinho.
Então, Joana deve confiar em Armando?







Vingança Redentora (parte 3)

Após algumas horas caminhando com Joana - ainda desacordada - sobre os ombros, Armando finalmente chegou à cabana. Era uma pequena casa de madeira, muito antiga a julgar pelo estado em que se encontrava. Possuía dois cômodos com alguns móveis velhos e empoeirados, e um banheiro nos fundos. Armando encontrou a cabana há algumas semanas, quando retornara a Zerdália para executar sua vingança contra Leopoldo Castro. Sua localização era perfeita: no centro de uma clareira cercada por árvores altas e vegetação densa que ficava no bosque, bem distante da cidade. Por sorte, ninguém os encontraria.
Armando abriu a porta e foi direto para o quarto, onde deitou Joana sobre os lençóis da velha cama. A jovem ainda estava profundamente desacordada, mas logo o efeito do líquido inalado iria terminar e ela despertaria. Teria que lidar com sua língua afiada, entretanto essa tarefa seria um tanto divertida. E, por que não, excitante? Não. Tinha que desviar seus pensamentos. Ele não era um canalha para desonrar e abandonar aquela moça - mesmo que o pai dela merecesse tal desgosto. E, por mais bela que ela fosse, teria que resistir aos seus impulsos e se focar apenas na vingança que teria a executar.
Sentou-se na cadeira ao lado da cama e aguardou até que ela acordasse.
Com a mente clareando lentamente, Joana foi se recordando dos acontecimentos. Lembrou-se dos olhos negros como a escuridão da noite, os mesmos olhos que transmitiam perigo e a atraíam de uma forma intensa, como nunca sentira antes. Sim, o estranho que estava em seu jardim... O que ele queria mesmo? Havia falado algo sobre uma vingança contra seu pai. Meu Deus, precisava alertá-lo!
Abriu os olhos e encarou o teto. Onde estava? Certamente não era em seu quarto, muito menos em sua cama confortável. Sentou-se e sentiu suas costas reclamarem. Estava sobre uma cama de aparência antiga e com um colchão bem duro. O quarto estava bastante bagunçado e repleto de teias de aranha nas paredes. Para onde ele a trouxera? O que faria com ela agora? Joana pensou, temendo o pior.
- Enfim, acordou... Agora posso dar início ao meu plano.
Assustada, ela se virou na direção da voz e o viu sentado numa cadeira. Seu corpo estremeceu diante de seu tom duro e frio, mas o que encontrou em seu olhar, fez com que sentisse calafrios - e não era de medo.
~~~~~~
Armando saiu do quarto e trancou a porta, deixando Joana sozinha. Estranhou o fato de a moça estar tão quieta diante a situação em que se encontrava, mas antes de deixar o quarto, teve a certeza que buscava ao observar sua expressão: ele também a afetava, não havia dúvidas. E, por mais que se sentisse atraído por aquela jovem, não poderia permitir que nada acontecesse entre eles. Seu foco principal era a vingança que tinha a concretizar para que pudesse ajudar sua mãe adoentada e recuperar o que lhes pertencia por direito.
Sentou-se numa das cadeiras que havia na sala juntamente com uma mesa. Retirou da sacola um pedaço de papel e lápis; escreveria um bilhete para Leopoldo e deixaria no quarto de Joana. Já imaginava a reação do homem ao descobrir o que acontecera a sua preciosa filha.
Armando olhou pela janela e viu os primeiros raios de sol no horizonte - teria que se apressar para não ser descoberto -, então, foi até a parte de trás da casa onde mantinha seu cavalo preso à margem do lago. Montou-o e saiu em direção a mansão do Sr. Castro.

~~~~~~~

- Seu Leopoldo! Seu Leopoldo! A menina Joana!
Neide, a empregada que cuidava de Joana desde que sua mãe falecera, descia desesperadamente as escadas da residência, gritando por Leopoldo.
- O que aconteceu, mulher? Por que essa gritaria toda? Será que não posso tomar meu café da manhã em paz? - Leopoldo respondeu rudemente sem sequer olhar na direção da empregada, que adentrou, sem fôlego, a sala de refeições.
- Seu Leopoldo, a menina Joana não está em seu quarto. Já procurei por toda a casa e não a encontrei! Só tinha esse bilhete na cama da menina.
- Como assim Joana não está em lugar nenhum? Não pode ser! Ela nunca sai sem me avisar... Dê-me logo este bilhete, Neide! - vociferou Leopoldo, ficando de pé.
Com as mãos trêmulas, a senhora de cabelos grisalhos e pele castigada pelo tempo, entregou o papel para seu patrão. Leopoldo leu rapidamente seu conteúdo, enquanto Neide observava seu rosto ficar pálido e seus olhos arregalarem-se.
- Não pode ser... - murmurou, buscando apoio na cadeira. - Esse assunto estava enterrado. Não pode ser! - gritou, jogando o bilhete no chão.
- Aconteceu alguma coisa com a menina, Seu Leopoldo? - a mulher perguntou, temendo o pior. Cuidava de Joana havia anos, tempo suficiente para criarem laços afetivos muito fortes uma pela outra. Morreria se algo ruim acontecesse àquela menina.
- Santiago! - berrou o Sr. Castro.
- Sim, senhor.
Da cozinha, surgiu um homem negro, alto e muito forte. Santiago era o capanga e melhor amigo de Leopoldo, quem executava todas as tarefas sujas.
- Reúna todos os homens! Revirem essa cidade até encontrarem Joana. Não parem até que ela esteja debaixo deste teto! - Leopoldo rosnou, enfurecido.
- Agora mesmo, senhor. - respondeu o capanga, prontamente, já girando o corpo para se retirar do aposento.
- E o mais importante, Santiago - acrescentou, olhando diretamente nos olhos do amigo - Eu quero a cabeça de quem estiver com ela.
- Entendido. - Santiago respondeu friamente, retirando-se.
 ~~~~~~
De dentro do quarto, Joana ouviu galopes de cavalo se afastando. Com certeza era o estranho misterioso, mas para onde estava indo? Correu até a porta para tentar fugir; diversas vezes forçou-se contra a pesada madeira e de nada adiantou - estava fortemente trancada. Recostou a testa contra a porta, se sentindo derrotada. Foi quando vislumbrou, no chão, um pedaço de papel com seu nome escrito. Pegou-o, era um bilhete:

"Voltarei daqui a pouco para conversarmos. Não tente fugir.
- Armando"

- Armando... - Joana sussurrou para si mesma, saboreando a sonoridade da palavra em seus lábios.
Enfim, soubera o nome daquele desconhecido que a atraía tanto. Não, não, não! Não podia permitir que Armando a afetasse. Tinha que se concentrar em descobrir o que ele faria a seu pai e porque a trouxera até aquele lugar.
Sendo assim, Joana se sentou na cadeira e aguardou impacientemente até que ele retornasse.

                                                                                 ~~~~~~~~

- Atenção homens! - Santiago bradou para os outros capangas que haviam se reunido em frente à mansão, ante seu chamado. - Ao que parece, a senhorita Joana está desaparecida. O Sr. Castro quer que revistemos cada canto desta cidade a sua procura. E, quanto ao desgraçado que estiver com ela, darei uma boa recompensa a quem me trouxer sua cabeça.
Os colegas lançaram olhares maliciosos uns aos outros. Eram tão eficientes quanto cruéis e não poupariam esforços para receber tal recompensa.
- Agora vão! Não descansem até que Joana esteja dentro desta casa! - o chefe dos capangas gritou, despachando-os. O grupo se afastou rapidamente.
- Será que aconteceu alguma coisa ruim com a menina Joana, Santiago? - Neide perguntou pesarosamente, colocando-se ao lado do homem na varanda.
- Deus queira que não, Neide. Mas, pelo que Leopoldo me disse, se trata de vingança. E, quando se trata de vingança, as pessoas são capazes de qualquer coisa. - o capanga respondeu misteriosamente.
- Cristo tenha piedade da minha menina. - rogou Neide.
Em seu escritório, Leopoldo olhava para o papel em suas mãos. Não podia acreditar no que lia: o filho de Hugo Lopes, o homem mais ganancioso e vulnerável que já conhecera - ao qual usara para erguer seu rico patrimônio -, queria se vingar de todo o mal que causara à sua família. Ora, não tinha culpa se seu pai era um fracassado!
Entretanto, havia uma questão que intrigava Leopoldo: como Armando poderia saber de toda a história se era apenas um menino quando tudo aconteceu? Além dele mesmo e Hugo - morto há alguns anos -, apenas mais uma pessoa conhecia todo o ocorrido. Marta. Com certeza ela contou tudo ao filho, ainda mais agora que estava doente. Queria tirar dinheiro daquele que ela achava ser amigo de seu marido. Mas Leopoldo não lhe daria um centavo, mesmo que tivesse que ir até as últimas consequências.
                                                                   ~~~~~~~~
 
Duas horas depois, Armando retornou à velha cabana. Aproveitou a viagem à cidade para comprar comida e alguns suprimentos.
Foi até o quarto e encontrou Joana sentada na cadeira. Estava muito séria, segurando o recado que ele havia deixado antes de sair.
- Não se preocupe, seu pai já sabe que está comigo. Mas não onde estamos. - disse, sentando-se na cama e olhando para a moça. Ela continuava a fitá-lo seriamente, sem dizer uma palavra.
Estranhando seu comportamento, Armando começou a ficar preocupado. Será que ela estava em estado de choque, traumatizada ou algo do tipo?
Tentou uma abordagem mais tranquilizadora.
- De modo algum vou machucá-la. Apenas te sequestrei para atingir seu pai, sei o quanto ele a ama. Só quero recuperar o que ele tirou de minha família. Minha mãe está muito doente e não tenho dinheiro para ajudá-la. Faço isso por ela e pela memória do meu pai. - respirou fundo, repentinamente cansado.
Joana continuava séria.
              Aquele homem à sua frente parecia estar falando a verdade. Viu emoção em seus olhos ao mencionar a mãe. Deveria acreditar nele?

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